domingo, 8 de junho de 2014

Desenho na Educação Infantil


Desenho espontâneo

Já a escola renovada do século 20, cujos principais estudiosos foram o francês Georges-Henri Luquet, o austríaco Viktor Lowenfeld e a norte-americana Rhoda Kellogg, via na produção infantil uma forma de entender o desenvolvimento psicológico. Assim, passou-se a valorizar o chamado desenho espontâneo, no qual o professor não podia intervir - bastava criar as condições adequadas para cada um se expressar. Coinfluenciado pelas idéias de Jean Piaget, Luquet defendeu, em 1913, que as crianças têm um "modelo interno" e por isso não copiam os objetos da maneira pela qual os percebe, mas transfigura-os com base nas próprias referências. Lowenfeld segue na mesma linha em Desenvolvimento da Capacidade Criadora, livro de 1947: "O desenho, a pintura ou a construção constituem processos complexos, nos quais a criança reúne diversos elementos de sua experiência para formar um conjunto com um novo significado". Segundo ele, o educador teria a função de ampliar a sensibilidade e aguçar os sentidos da garotada, já que "o homem aprende através dos sentidos".

Na segunda metade do século 20, Rhoda Kellogg pesquisou mais de 300 mil desenhos infantis. Entre outras coisas, descobriu que há muitas representações parecidas de casas, árvores e seres humanos. Para ela, essa constatação é um indício de que o impulso criativo é uma herança comum a toda a humanidade, não restrita a uma cultura ou um país. Rhoda defendeu que a criança é autodidata e que, se não houver interferência inadequada do adulto, vai chegar, desenhando, ao estágio final de crescimento emotivo, intelectual e espiritual. Outro importante legado dessa fase é que o desenho evolui com a idade, das formas mais simples (os rabiscos conhecidos como garatujas) para as mais complexas.
Brincando de ser artista
Fotos: Leo Drumond e arquivo pessoal
A turma de Belo Horizonte: olhar bem treinado e inspiração no estilo do artista pernambucano Romero Britto (3ª foto). Fotos: Leo Drumond e arquivo pessoal
Desde 2003, o Colégio Balão Vermelho, de Belo Horizonte, promove uma Oficina do Olhar, em que as crianças são instigadas a observar os próprios desenhos, expostos nos corredores, e a apreciar obras de arte e catálogos de propaganda. Recentemente, as turmas foram divididas em grupos de 12 com a missão de encontrar, em fotografias, partes da escola. Cada equipe recebia uma imagem e corria para achar o lugar. "O objetivo das oficinas é ampliar a capacidade de observar e compreender as artes visuais", afirma a coordenadora pedagógica Adriana Torres Máximo Monteiro.

A professora Ana Paula Alves Rodrigues costuma levar suas classes do Infantil II (4 e 5 anos) para passeios em galerias, museus e outros locais, como o Jardim Zoológico. De tanto treinar o olhar da meninada para as especificidades das obras (o jeito de pintar, os materiais utilizados, as formas e cores), ela conseguiu que a própria turma sugerisse produzir desenhos no estilo do pernambucano Romero Britto, cujas peças tinham sido descobertas numa dessas visitas. Vitor Lobato, 4 anos, foi um dos que se encantaram com a produção de Britto. "Adorei as cores", lembra o garoto. Ana Paula também adorou a idéia e logo reuniu tinta guache, tinta pastel e cartolina - e deixou a criatividade rolar solta. Ela lembra que é papel do professor deixar claro para a turma que a proposta do trabalho não é copiar o artista. "O que importa é pegar idéias e se inspirar. Assim, os pequenos aprendem a dominar o traço ao tentar adaptar o estilo."
fonte:http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/importancia-desenho-pre-escola-educacao-infantil-desenvolvimento-541441.shtml?page=1

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